A marcha ideal para testes no dinamômetro existe?
Entenda como a escolha da marcha influencia os resultados de potência e torque.
Quando o assunto é medir potência e torque em um dinamômetro automotivo, uma dúvida comum aparece entre preparadores e entusiastas: existe uma marcha ideal para se testar o veículo?
A resposta curta é: sim — normalmente existe uma marcha mais adequada, porém essa escolha não é aleatória. Ela depende de fatores como o tipo de transmissão, relação final, potência do veículo e até o tipo de dinamômetro utilizado.
Neste artigo, vamos explicar como escolher a marcha correta e por que isso influencia nos resultados.

Por que a escolha da marcha importa?
Durante o teste em dinamômetro, o motor transfere potência para os rolos.
Para que a medição seja consistente, é necessário que essa transferência seja estável e previsível.
A marcha escolhida influencia diretamente em:
• Velocidade do rolo durante o teste
• Aceleração do motor
• Perdas por atrito e inércia
• Precisão dos dados coletados
Marchas muito curtas (1ª, 2ª e às vezes 3ª) tendem a gerar acelerações muito rápidas, dificultando que o sistema de medição registre a curva de potência de forma suave e completa.
A regra geralmente adotada: utilizar a marcha com relação mais próxima de 1:1
A marcha considerada “ideal” para testes costuma ser aquela cuja relação entre o eixo primário e secundário do câmbio é próxima de 1:1.
Por quê?
Quando a relação é próxima de 1:1:
• Há menos perdas mecânicas no câmbio
• A transferência de torque é mais direta
• A curva de potência tende a ficar mais estável e precisa
Em muitos carros manuais, isso costuma ser:
Modelo de carro | Marcha mais próxima de 1:1 |
| Carros esportivos manuais | 4ª marcha |
| Hatch/sedã comum manual | 4ª ou 5ª marcha |
| Transmissões longas | 3ª marcha pode ser aceitável |
Mas é importante destacar: não é sempre a 4ª marcha.
Depende da relação de transmissão de cada veículo.
E em carros automáticos?
Em transmissões automáticas, especialmente as com conversor de torque ou CVT, a escolha é um pouco diferente.
CVT
• Ideal é usar um modo que trave a relação, quando disponível.
• Se não for possível, usar o modo Sequencial / Manual para manter rotações estáveis.
Automáticos tradicionais
• O ideal é usar a marcha que o câmbio não troca sozinho e que mantenha o giro constante.
• Muitos veículos contam com modo de bloqueio de troca de marcha via software ou scanner.
Mas transmissão não é tudo — há outro fator importante: temperatura
Quanto mais longa a marcha, maior o tempo de aceleração, e isso aumenta a temperatura de admissão e do motor.
Temperaturas mais altas = potência menor.
Por isso, além da marcha correta, é essencial ter:
• Ventilação eficiente (utilizar ventiladores durante os testes)
• Tempo de resfriamento entre passadas
• Monitoramento de IAT / ECT / Óleo
Em resumo, sim, existe uma marcha mais recomendada para testes em dinamômetro:
aquela cuja relação é mais próxima de 1:1, pois ela reduz perdas mecânicas e garante um resultado mais estável e fiel.
Porém, cada veículo precisa ser analisado individualmente, considerando:
• Tipo de câmbio
• Relações de transmissão
• Ventilação e temperatura
• Tipo de dinamômetro
A consistência é fundamental: usar sempre as mesmas condições garante comparações precisas antes e depois de ajustes ou modificações.
Post atualizado em 14 de Novembro, 2025.